Daqui pra Frente, Tudo Vai Ser Diferente
Ontem, recebi do meu pai um áudio do Raphael Lassance (Growth Team etc.) que andou circulando pelas redes sociais, cujo título é “A Nova Realidade”. Escutei de início com “alguma” atenção, até porque estou farto de assistir as tragédias veiculadas pelos telejornais, independentemente da emissora de TV, e achei que poderia talvez ser mais algum conteúdo catastrófico e profetizando o apocalipse. Mas dei crédito, porque conheço o trabalho do autor, e também porque o portador daquele audio merece muito a minha atenção.
Um aparte: o meu pai foi um executivo de primeira linha até o final de 2019, tendo atuado, na iniciativa privada e no Poder Público, em uma carreira na qual a tecnologia sempre se fez muito presente. E não me refiro apenas às techs digitais. Vou bem mais além.
Mas, voltando ao tema central dessa reflexão, fui ouvindo o referido áudio e percebendo claramente que as conclusões se casavam bastante com a minha percepção do mundo de agora, e principalmente com as constatações do que virá daqui para frente. E a COVID-19, sem dúvida, veio para sacudir o passado e trazer de vez o novo que está insistentemente batendo às nossas portas. E esse “novo” se chama TRANSFORMAÇÃO DIGITAL.
Sobre esse tema, vou focar aqui apenas em duas de suas mais atuais manifestações: o “HOME OFFICE” e a TELEMEDICINA. Senão eu poderia passar o resto do dia escrevendo e ainda faltaria tempo.
Como advogado, graduado e atuante há mais de 25 anos, o “home office” vem se tornando uma realidade que eu percebia crescente, ainda que timidamente, nas empresas (clientes) que eu atendo. Algumas mais inovadoras adotaram esse modelo de trabalho corajosamente. Mas, verdade seja dita, a grande maioria das empresas ainda resistia, pois o desafio de manter a produtividade do “ser pensante” dentro do conforto da sua casa é enorme. Vamos combinar que, em casa, tudo foi feito para nos distrai e reduzir a nossa capacidade de concentração. Até a cerveja que está na geladeira, e que normalmente seria consumida após chegarmos em casa, vindos do trabalho ou da academia, passa a nos seduzir às 10:47h da manhã. Fala que não!
Mas não é que o COVID-19 nos obrigou a transferir os nossos escritórios de advocacia para as nossas casas, e sem sequer nos dar tempo suficiente para nos prepararmos para essa transformação…? Aquilo que eu via meio de longe, e com alguma resistência, passou a ser uma realidade. Nossos sócios e colaboradores hoje se falam por videoconferência, e os clientes também passam a se habituar com isso. Muitos até estão preferindo cada vez mais, pois não precisam mais se deslocar até as nossas unidades.
Quer outro exemplo que veio para ficar e nunca mais sair? A tão questionada e polemizada TELEMEDICINA… Até ontem mesmo havia uma enorme turma de tecnofóbicos e pseudo-humanistas que demonizavam essa fantástica possibilidade de extensão do atendimento médico, simplesmente porque, em tese, ela afasta o paciente do contato pessoal com o doutor. Mas aí veio a COVID-19 e, hoje, a telemedicina passa a ser fundamental, principalmente no cuidado primário dos pacientes. Veio a fórceps, provou que é REALMENTE EFICAZ, e agora deixou de ser uma “possibilidade” para virar a salvação de uma grande parte da nossa humanidade.
Enfim, vamos experimentar uma NOVA REALIDADE, como bem nos apresenta o Raphael Lassance, que, para o bem da verdade, já vinha ocorrendo de forma tímida ou contestada, mas que, após o isolamento social trazido pelo novo coronavírus, tornou-se efetivamente irreversível. Nós vamos nos digitalizar e estar cada vez mais próximos, ainda que remotamente. Ou você acha que o ITAÚ doou R$1,25 Bi sem ter a certeza de que vai economizar muito mais do que isso com a digitalização de seus clientes e a consequente redução dos seus custos. Menos agências, menos CLT, mais lucro… Claro!
Essa é a nova realidade, e não justifica lutar contra ela. É perda de tempo e energia. E quer saber como se preparar para esse “admirável mundo novo”? É simples: aceite, adapte-se e seja feliz!
Em um próximo artigo, trataremos sobre os impactos desse “novo mundo” na dinâmica econômica da locação de espaços comerciais e corporativos, no Brasil e no mundo, sob uma ótica de mercado e jurídica.
Eduardo Campelo
Sócio sênior
Santiago Ferreira Pinto Bizzoto Vieira & Campelo – Advogados